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sexta-feira, 26 de março de 2010

O Crime na América Latina


A grande dimensão que tomou o tráfico de drogas na América Latina, principalmente após os anos setenta, moldou a economia e a política da maioria dos países que a integram. Principalmente para incorporar as mudanças nas novas relações que a indústria da droga teria sobre as instituições e a sociedade como um todo. As organizações criminosas permearam os governos e assim imprimiram sua forma de administrar, seja pela corrupção, seja pela violência ou impondo pânico à sociedade.
À frente da administração dos negócios criminosos estão pessoas com alto grau empreendedor, administrando um negócio focado na produção, processamento e distribuição (CASTELLS, 1999).
Podemos dizer que a cocaína é o carro chefe do negócio, mas a diversificação em outras áreas é grande, com maconha, heroína, êxtase, craque entre outras drogas.
Ligadas intimamente ao comércio da droga estão outras atividades ilegais que se complementam e ajudam a equilibrar o negocio do crime. Exemplos: lavagem de dinheiro, contrabando, tráfico de armas, tráfico de imigrantes, prostituição internacional, seqüestro, assaltos e várias outras.
As multinacionais do crime têm sua administração descentralizada, mas com certo grau de hierarquia, algumas com maior grau e outras com menor, e suas políticas de atuação são voltadas para a demanda do mercado internacional.  Isto faz com que seu produto agregue maior valor até chegar ao consumidor final.  Esta indústria tem divisão do trabalho com atividades bem definidas ao longo da cadeia produtiva e até mesmo internacionalização das atividades.  A indústria da droga necessita de elementos indispensáveis para lograr êxito e podemos destacar a lavagem de dinheiro e a corrupção das instituições legais do Estado como o ponto chave de sucesso das organizações criminosas.
O espírito de empresa é tal que os traficantes da Colômbia, por exemplo, investem em pesquisa e desenvolvimento e até inovam nas técnicas de transporte e design dos produtos para não sair do negocio caso as drogas químicas venham substituir as drogas naturais (CASTELLS, 1999). Isto mostra uma grande visão de mercado dos criminosos latino-americanos.
Um ponto fundamental diz respeito ao crescimento econômico proveniente da receita do tráfico, onde os estudiosos estão longe de um consenso. As populações envolvidas com o cultivo das drogas - no caso, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia - aumentam suas rendas, mas não a qualidade de vida (CASTELLS, 1999).  Em algumas regiões se percebe o contraste: a extravagância dos chefões da droga fica distante em apenas alguns quilômetros da miserabilidade, o que demonstra a disparidade social. Mas boa parte do capital do crime, que pertencente a uma elite criminosa, é lavada no sistema financeiro global e volta para as cidades latinas para ser investida nas atividades legais do país.  A sociedade colombiana na época da largada criminosa teve um papel importante na construção das redes criminosas da América Latina (CASTELLS, 1999).
A maconha tinha sido bem aceita pelos norte-americanos que vieram nas forças de paz dos anos 60 para o país. Assim a máfia norte americana se ligou à Colômbia através do Panamá e iniciou o tráfico de maconha com pequenos grupos não articulados em cidades colombianas que eram utilizadas por piratas no início do século. Porém a lucratividade da maconha caiu com o aumento do rigor imposto pela alfândega norte-americana.  Além disso, as técnicas de transporte não eram tão aprimoradas e o grande volume das drogas se tornava uma dificuldade em decorrência da razão volume-preço. Outras dificuldades surgiram com o mercado norte americano, que passou a ser abastecido internamente pela Califórnia, que logo ultrapassou a produção colombiana.
Entretanto, as redes de contatos estavam criadas e uma confusão da máfia norte-americana, que confundiu a Bolívia com a Colômbia, fez com que os colombianos empreendedores (criminosos que até então eram contrabandistas) entrassem no novo negócio da plantação de coca. Deste modo, eles assumiram o mercado do tráfico de cocaína. Este mercado era irrisório na época na Bolívia, Equador, Peru e Chile, porém, se desenvolveu ao longo das décadas com a criação de grupo de criminosos no controle das ações do crime organizado (CASTELLS, 1999).  Estes grupos criminosos, com o passar do tempo, observaram que a demanda era alta e que, ao invés de se confrontarem, era melhor formar alianças estratégicas entre os grandes traficantes para alcançar uma maior penetração no mundo globalizado.  Assim, paulatinamente, os grupos foram se conectando na América Latina e se entrelaçando em uma rede facilitada pelos avanços das tecnologias no mundo.
Este texto é parte do esboço do artigo: Panorama Mundial, Latino Americano e Brasileiro da Criminalidade