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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

TEORIA INTERFATORIAL DO CRIME E DA VIOLÊNCIA


Autor: Miguel Angelo Silveira
Cap PMSC, Mestrando  da UFSC.
E-mail: miguel.pmsc@gmail.com

Artigo Publicado no COBRAC2010.
1. INRODUÇÃO
Os órgãos de Segurança Pública na execução de seu mister, seja preventivo, repressivo ou investigativo, possuem profissionais treinados e capacitados, atuando no combate contra o crime. Mas a sua atuação está restrita ao não permitir o cometimento do ato criminoso, e no caso do cometimento, a buscar o autor, seja em flagrante delito ou através de investigações.
Entretanto, ao longo dos anos temos percebido o aumento da criminalidade e da violência, isto é um reflexo da ineficiência desta forma de prevenção criminal em sua plenitude, resumindo-se em apenas em uma resposta imediatista.
Levando-se em consideração ser de vital importância uma verdadeira ação preventiva, com o objetivo de prevenir e evitar o surgimento do delito, através do impedimento do nascimento do ator delitual, para que não ocorram danos à sociedade e nem ao próprio agente agressor, pois ambos têm sobre si todas as conseqüências degenerativas e danosas resultantes do crime e da violência.
Logo, é de grande valia o conhecimento das causas da criminalidade e da violência para que possamos atuar em sua gênese e suas variáveis, antes da formação e do surgimento de toda a problemática. A melhor postura seria uma postura verdadeiramente preventiva de curto, médio e longo prazo. A segurança pública deve exercer essencialmente uma função estratégica preventiva, a fim de apresentar soluções e medidas para minimizar as possibilidades de ocorrência delitual. Para isso, faz se necessário destacarmos e estudarmos os fatores geradores da criminalidade e da violência para combatê-la em sua gênese, impedindo que esta continue “reproduzindo-se” incansavelmente, trata-se de uma verdadeira conduta pró-ativa da prevenção criminal.
A Teoria Interfatorial da Criminalidade sugere como, quando e porque nasce e cresce o delito. Para ela a criminalidade e a violência devem ser entendidas interdisciplinarmente e holisticamente, ou seja, existem diversos fatores negativos interagindo entre si que resultam na conduta criminosa. Sendo que o conjunto e a influência destes fatores sobre os próprios fatores é que forjam o indivíduo a ser um propenso agente agressor. A interfatorialização cria uma condição intrínseca e exclusiva de cada cidadão, que irá repercutir em sua vida. Sendo estes valores negativos temos como resultado um agente agressor.
A sua origem se pode vir por diversas fontes, dentre estas podemos citar: fatores psicológicos, sociais, econômicos, religiosos, culturais e psicológicos, afetivos, ambientais, entre outros. A complexidade do tema não se esgota nos fatores supracitados, os mesmos podem ser divididos e subfatores, que inclusive estão interligados entre si. Por exemplo, o fator econômico pode abalar a estrutura psicológica de um indivíduo e levá-lo ao cometimento de um delito; como também o fator econômico obriga o indivíduo a instalar sua residência em favelas gerando problemas de ordem de interação social, e ambiental, que por sua vez pode gerar problemas psicológicos, pois, o ambiente construído não atende a sua função social e psicológica e cultural, a inversão de valores, entre outros.
2. CONCEITOS
Segundo o dicionário Michaelis, acessado em www.michaelis.uol.com.br, temos as seguintes definições:

INTER – Entre” Indica uma posição intermediária, de interação ou reciprocidade. Não se trata mais de combinar pesquisas com métodos e conceitos diferentes, mas de construir um novo aparato conceitual e metodológico na explicação ou interpretação de um novo objeto.”

FATORES – “Elementos que concorrem ou contribuem para o resultado;”

INTERFATORIAL – “Relação, interação e a integração de fatores, significa parte da integração de uma ou mais fatores em uma nova abordagem.”

CRIME – “Qualquer ação ou omissão de ato ou fato previsto em lei como crime.”

VIOLÊNCIA – “Qualidade ou caráter de violento. Ação violenta: cometer violências. Ato ou efeito de violentar. Opressão, tirania: regime de violência. Ato de constranger ou agredir fisicamente, psicologicamente ou moralmente alguém.”

Logo, a teoria Interfatorial do crime e da violência, apresenta como responsável pelo surgimento do crime e dos atos de violências, conjuntos de fatores e elementos negativos que interagem sobre si, simultaneamente e reciprocamente, resultando um uma situação personalíssima e exclusiva de cada cidadão, direcionando ao crime.
  3. FATORES DO CRIME E DA VIOLÊNCIA
Para uma melhor compreensão, classifica-se os fatores em grupos, sendo Macrofatores, Mesofatores, e Microfatores, como também elementos.

MACROFATORES – São grandes grupos de fatores com atuação especifica sobre o crime a violência, sendo eles: Fatores que Original o Agente do Crime e Violência, Fatores que Fomentam o Crime a e Violência, Fatores que Facilitam o Crime a e Violência e Fatores que determinam a ação do Crime e da Violência.

MESOFATORES – São fatores que agrupam os microfatores em grupos com características comum entre eles. Sendo os Fatores Exógenos, Fatores endógenos, Fatores de Interesses, Fatores de Riscos, Fatores de Ameaças, Fator Vulnerabilidade, Fator Supervisão.

MICROFATORES – São fatores menores referente a uma área específica de influência sobre o cidadão. São Microfatores: Fatores Pessoais, Fatores Ambientais, Fatores Culturais, Fatores Econômicos, Fatores Sociais, Fatores Fisiológicos, Fatores Psicológicos, Fatores Afetivos, Fatores Éticos-Morais, Fatores de Vulnerabilidade Pré-existente, Fatores de Vulnerabilidade Provocada, Fatores de Supervisão Pública, Fatores de Supervisão Privada, Fatores de Supervisão Social ou Natural.

ELEMENTOS - São ítens integrantes dos Macrofatores.
A seguir apresenta-se um quadro esquemático, objetivando uma melhor compreensão sobre a Teoria Interfatorial do Crime e da Violência.

FATORES QUE ORIGINAM O AGENTE DO CRIME E VIOLÊNCIA

FATORES EXÓGENOS

Fatores Pessoais
Amigos, intimidade, degradação Familiar, violência familiar; Alcoolismo, patologias físicas,
Fatores Ambientais
Densidade Urbana; Crescimento e processo de ocupação desordenado das cidades; Fenômeno da favelização e conglomerados; migração interna; Saneamento básico; precária infra-estruturas habitacionais, de transportes; Paisagem Urbana e Ambiente Público; Acessibilidade, visibilidades, supervisão social, geografia criminal, manchas de criminalidade; má distribuição geográfica da população; áreas de industrialização; concentração populacional maciça por exclusão ou atração;
Fatores Culturais
Educação, Mídia, Música, desigualdade educacional, Acesso a Educação pública, gratuita e de qualidade; Creches; Educação Fundamental; Educação Média; Acesso a Educação Superior; Cursos profissionalizantes; Cultura social, capacidade de Compreensão; Proliferação da violência através de meios de comunicação em massa;
Fatores Econômicos
Desigualdades econômicas, distribuição inadequada de renda, Baixa renda; Necessidade financeira de sobrevivência; Concentração de Renda; Desemprego; miséria, falta de empregos aos mais jovens; Estagnação Econômica; Dívidas; Custo de vida; inflação; recessão; exploração da miséria;
Fatores Sociais
Desigualdades sociais, Segurança; Saúde; Políticas de Assistência social; Êxodo Rural; Acesso à Justiça; preconceito social, gangues, Influência do crime; Falta de políticas públicas voltadas para os jovens; menor abandonado; Tráfico de entorpecentes; Ausência de valores religiosos, Segregação social; crescimento populacional acelerado; falta de planejamento familiar; fácil acesso a armas; violência em si e/ou que gera mais violência; estímulo ao consumismo e ao materialismo; descontrole da natalidade; falta de programas sociais e assistenciais; precária infra-estrutura da saúde; ausência do Estado; ausência de Segurança Pública, policiamento preventivo; degradação da comunidade; descompromisso social
Fatores Biológicos (Fisiológicos)
Alimentação, água, descanso, moradia, luz, saneamento, condições de higiene, salubridade, sexo, exaração, homeostase,
FATORES ENDÓGENOS

Fatores Psicológicos
Transtornos psicológicos, neurose, psicose, fanatismo, Personalidade desvirtuada, Estresse depressão, pânico, pensamentos homicidas e suicidadas; síndrome da violência urbana. Valoração do materialismo em detrimento ao valor pessoal;
Fatores Afetivos
Ciúmes, passionidade, relacionamentos, decepção, ansiedade, Frustração, Revolta, Solidão; tristezas, desânimos, raiva, mágoas, insatisfação,
Fatores Éticos-Morais
Inversão de valores éticos e morais, Freios cognitivos de condutas, Valores sociais; Afeto paterno-maternal; Princípios comportamentais; Valores Sociais; Sentimento de Segurança; Influência social para um padrão de consumismo, Sentimento de Impunidade, desrespeito pelas leis, desrespeito pela autoridade;
FATORES QUE FOMENTAM O CRIME E VIOLÊNCIA
- Segregação Urbana;
- Densidade urbana;
- Cultura da “Masculinidade” ou da Violência;
- Violência e crime por dívidas e disputa de território;
- Impunidade;
- Corrupção;
- Consumo de drogas pela sociedade;
- Dependência química;
- Mercado negro de armas;
- Ressocialização carcerária ineficiente;
- Reincidência delitiva.
FATORES QUE FACILITAM O CRIME E VIOLÊNCIA
- Consumo de álcool;
- Incapacidade de resolver problemas através do diálogo;
- Desordenamento territorial;
- Incapacidade de unipresença da Segurança Pública;
FATORES QUE DETERMINAM A AÇÃO DO CRIME E VIOLÊNCIA
INTERESSE
O grau de interesse para prática delitual, originados pelos fatores endógenos e exógenos, do futuro agente agressor em cometer a agressão é determinante para a concretização do crime.
RISCOS
Medida do dano em potencial ou do prejuízo econômico, expressa em termos de probabilidade estática de ocorrência e de intensidade ou grandeza das conseqüências previsíveis.
AMEAÇAS
Trata-se da estimativa da iminente ocorrência, e a magnitude, de um evento criminoso em um determinado cenário. Expressa em termos de probabilidade de concretização do evento e da provável magnitude de sua manifestação.
VULNERABILIDADE
Conceito:
É o nível de insegurança intrínseca de uma situação, que determina a intensidade dos danos prováveis que serão produzidos pela concretização de uma determinada ameaça.
Vulnerabilidade
Pré-existente
Situação não produzida pelo propenso agente agressor, que facilita a concretização da ação do crime ou da violência.
Vulnerabilidade
Provocada
Situação provocada pelo futuro agente agressor com o objetivo de facilitar ou de cometer a ação criminoso ou violência.
SUPERVISÃO
Pública
Realização da Segurança pelos órgãos do Estado
Privada
Realização da Segurança por empresas privadas
Social / Natural
Controle e supervisão da sociedade pela própria sociedade.






3.1. FATORES QUE ORIGINAM O AGENTE DO CRIME E VIOLÊNCIA

São fatores responsáveis pela formação, transformação ou influência sobre cidadão. Podemos citar o caráter, valores, cultura, necessidades, entre outros.
Estes elementos são classificados em Exógenos e Endógenos.

3.1.1 FATORES EXÓGENOS

São fatores que surgem e resultam de elementos externos ao cidadão.

a. Fatores Pessoais

Amigos,
intimidade,
degradação Familiar,
violência familiar;
Alcoolismo,
patologias físicas,

b. Fatores Ambientais

Densidade Urbana;
Crescimento e processo de ocupação desordenado das cidades;
Fenômeno da favelização e conglomerados;
migração interna;
Saneamento básico;
precária infra-estruturas habitacionais, de transportes;
Paisagem Urbana e Ambiente Público;
Acessibilidade,
visibilidades,
supervisão social,
geografia criminal,
manchas de criminalidade;
má distribuição geográfica da população;
áreas de industrialização;
concentração populacional maciça por exclusão ou atração;

c. Fatores Culturais

Educação,
Mídia,
Música,
desigualdade educacional,
Acesso a Educação pública gratuita e de qualidade;
Creches;
Educação Fundamental;
Educação Média;
Acesso a Educação Superior;
Cursos profissionalizantes;
Cultura social,
capacidade de Compreensão;
Proliferação da violência através de meios de comunicação em massa;

d. Fatores Econômicos

Desigualdades econômicas,
distribuição inadequada de renda,
Baixa renda;
Necessidade financeira de sobrevivência;
Concentração de Renda;
Desemprego;
miséria,
falta de empregos aos mais jovens;
Estagnação Econômica;
Dívidas;
Custo de vida;
inflação;
recessão;
exploração da miséria;

e. Fatores Sociais

Desigualdades sociais,
Segurança;
Saúde;
Políticas de Assistência social;
Êxodo Rural;
Acesso à Justiça;
preconceito social,
gangues,
Influência do crime;
Falta de políticas públicas voltadas para os jovens;
menor abandonado;
Tráfico de entorpecentes;
Ausência de valores religiosos,
Segregação social;
crescimento populacional acelerado;
falta de planejamento familiar;
fácil acesso a armas;
violência em si e/ou que gera mais violência;
estímulo ao consumismo e ao materialismo;
descontrole da natalidade;
falta de programas sociais e assistenciais;
precária infra-estrutura da saúde;
ausência do Estado;
ausência de Segurança Pública,
policiamento preventivo;
degradação da comunidade;
descompromisso social

f. Fatores Biológicos / Fisiológicos

Alimentação (Fome),
água (sede),
descanso (sono),
moradia (abrigo),
luz,
saneamento,
condições de higiene,
salubridade,
sexo,
exaração,
homeostase,

3.1.2 FATORES ENDÓGENOS

São fatores que surgem e resultam de elementos internos ao cidadão.

a. Fatores Psicológicos

Transtornos psicológicos,
neurose,
psicose,
fanatismo,
Personalidade desvirtuada,
Estresse depressão,
pânico,
pensamentos homicidas e suicidadas;
síndrome da violência urbana.
Valoração do materialismo em detrimento ao valor pessoal;

b. Fatores Afetivos

Ciúmes,
passionalidade,
relacionamentos,
decepção,
ansiedade,
Frustração,
Revolta,
Solidão;
tristezas,
desânimos,
raiva,
mágoas,
insatisfação,

c. Fatores Éticos-Morais

Inversão de valores éticos e morais,
Freios cognitivos de condutas,
Valores sociais;
Afeto paterno-maternal;
Princípios comportamentais;
Valores Sociais;
Sentimento de Segurança;
Influência social para um padrão de consumismo,
Sentimento de Impunidade,
Desrespeito pelas leis,
Desrespeito pela autoridade;

3.2. FATORES QUE FOMENTAM O CRIME E VIOLÊNCIA
Segregação Urbana;
Densidade urbana;
Cultura da “Masculinidade” ou da Violência;
Violência e crime por dívidas e disputa de território;
Impunidade;
Corrupção;
Consumo de drogas pela sociedade;
Dependência química;
Mercado negro de armas;
Ressocialização carcerária ineficiente;
Reincidência delitiva.

3.3. FATORES QUE FACILITAM O CRIME E VIOLÊNCIA
Consumo de álcool;
Incapacidade de resolver problemas através do diálogo;
Desordenamento territorial;
Incapacidade de unipresença da Segurança Pública;

3.4. FATORES QUE DETERMINAM A AÇÃO DO CRIME E VIOLÊNCIA

3.4.1. INTERESSE
O grau de interesse para prática delitual, originados pelos fatores endógenos e exógenos, do futuro agente agressor em cometer a agressão é determinante para a concretização do crime.

3.4.2. RISCOS
Medida do dano em potencial ou do prejuízo econômico, expressa em termos de probabilidade estática de ocorrência e de intensidade ou grandeza das conseqüências previsíveis.

3.4.3. AMEAÇAS
Trata-se da estimativa da iminente ocorrência, e a magnitude, de um evento criminoso em um determinado cenário. Expressa em termos de probabilidade de concretização do evento e da provável magnitude de sua manifestação.

3.4.4. VULNERABILIDADE

Conceito: É o nível de insegurança intrínseca de uma situação, que determina a intensidade dos danos prováveis que serão produzidos pela concretização de uma determinada ameaça.

Vulnerabilidade Pré-existente
Situação não produzida pelo propenso agente agressor, que facilita a concretização da ação do crime ou da violência.

Vulnerabilidade Provocada
Situação provocada pelo futuro agente agressor com o objetivo de facilitar ou de cometer a ação criminoso ou violência.

3.4.5. SUPERVISÃO

Pública
Realização da Segurança pelos órgãos do Estado

Privada
Realização da Segurança por empresas privadas

Social / Natural
Controle e supervisão da sociedade pela própria sociedade.

4. PREVENÇÃO DO CRIME E DA VIOLÊNCIA
Uma prevenção criminal efetiva e duradoura deve atuar no impedimento do surgimento da possibidade da ação deletéria. Logo, na gênese do propenso agente criminoso. Caso contrário, não será prevenção do crime e sim transferência do crime, pois a presença policial afastaria o cometimento do crime em um local específico, transferindo a ação para um outro local ou para uma outra vítima vulnerável, que atenda as necessidades do agente infrator.
Perante o exposto sugere-se que as seguinte estratégias de prevenção:

4.1. QUANTO AO TEMPO
PREVENÇÃO A CURTO PRAZO
Atuação do Estado e da Sociedade sobre os fatores de determinam a ação do crime  e da violência
PREVENÇÃO A MÉDIO PRAZO
Atuação do Estado e da Sociedade sobre os fatores que fomentam e facilitam a prática do crime e a violência
PREVENÇÃO A LONGO PRAZO
Atuação do Estado e da Sociedade sobre os fatores de originam o agente do crime e a violência

4.2. QUANTO AO OBJETIVO

PREVENÇÃO PRIMÁRIA
  • Voltada para as origens do delito, visando neutralizá-lo antes que ocorra;
  • Resolução das situações carenciais criminógenas;
  • Opera a longo e médio prazo e se dirige a todos os cidadãos;
  • Reclama prestações sociais e intervenção comunitária;
  • Limitações práticas: falta de vontade política e de conscientização da sociedade.
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
  • Política legislativa penal, ação policial, políticas de segurança pública.
  • Atua na exteriorização do conflito;
  • Opera a curto e médio prazo;
  • Dirige-se a setores específicos da sociedade,
PREVENÇÃO TERCIÁRIA
  • Destinatário: população carcerária;
  • Caráter punitivo;
  • Objetivo: evitar a reincidência;
  • Intervenção tardia, parcial e insuficiente.
REFERÊNCIA PARA CITAÇÃO:

SILVEIRA, Miguel Ângelo, e OLIVEIRA, Roberto de. Planejamento Territorial e Segurança Pública. In, COBRAC2010 – 9º Congresso de Cadastro Técnico multifinalitário e gestão territorial, 7º ENCONTRO de Cadastro Técnico multifinalitário PARA OS PAÍSES DO MERCOSUL e 4º ENCONTRO de Cadastro Técnico multifinalitário PARA OS PAÍSES DA AMÉRICALATINA - 2010. ISBN. 1980.4520. Florianópolis: UFSC, 2010.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Análise Criminal - Seção do Artigo: O Processo de descoberta de conhecimento para auxiliar a análise criminal: Minerando dados da Segurança Pública de Santa Catarina


Texto extraido do artigo desenvolvido para disciplina Métodos e Técnicas de Extração do Conhecimento - 2010,  Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC.
Artigo completo intitulado: O Processo de descoberta do conhecimento para auxiliar a análise criminal: Minerando dados da Segurança Pública de Santa Catarina

Edson Rosa Gomes da Silva
 Terceira Seção:
1.    IMPORTANCIA DA ANÁLISE CRIMINAL

A Análise Criminal (AC) é tida como um conjunto de técnicas e procedimentos cuja finalidade é processar informações relevantes para a prevenção ou a repressão aos criminosos. Estas técnicas e procedimentos estão voltados para a determinação de padrões. Sua utilidade principal, mas não a única, é a área prevenção, controle e combate ao crime pelo policiamento.
Alguns especialistas em análise criminal apontam que a análise criminal é:
 [...] o conjunto de procedimentos sistemáticos... direcionados para o provimento de informações oportunas e pertinentes sobre os padrões do crime e suas correlações de tendências, de modo a apoiar as áreas operacionais e administrativas no planejamento e distribuição de recursos para prevenção e supressão de atividades criminais, auxiliando o processo investigatório e aumentando o número de prisões e esclarecimento de casos (GOTTLIEB, 1994, p.5).

A análise criminal, quando bem desenvolvida, pode prover os gestores da área de segurança pública, informações sobre questões sociais, geográficas, econômicas, entre outras que tenham relevância para o enfrentamento da criminalidade.
A AC é geralmente utilizada no apoio à investigação criminal, a inteligência de segurança pública e para apoio a tomada de decisão da autoridade. Na análise criminal grande números de informações são trabalhadas sistematicamente em prol de uma determinada necessidade. Estas necessidades são na maioria para planejar as ações a serem desenvolvidas nas várias esferas de comando das instituições.

1.1. A análise criminal e o Planejamento
A análise criminal está imbricada com o planejamento das ações, ou seja, a primeira serve, e deve subsidiar a criação do segundo. O problema, na maioria dos casos, é que o planejamento é feito sem se conhecer a realidade do que se pretende executar. Na segurança pública, por exemplo, a estatística policial, a análise criminal e a inteligência policial ou de segurança pública tem que subsidiar a criação do planejamento das instituições de segurança pública. Estas ações visam direcionar a esfera estratégica tática e operacional da instituição.

1.2. A Análise Criminal e o Planejamento Operacional
Nas organizações públicas o planejamento se configura como uma forte arma para antever os problema e traçar as metas de atuação a fim de trilhar um caminho controlado e bem sedimentado. Para isto as organizações desenvolvem estudos com a finalidade de dar embasamento às ações que irão desenvolver. Na segurança pública não dever ser diferente, pois as ações devem ser bem formuladas e a análise criminal dá subsídios para o desenvolvimento do planejamento e das ações de cunho estratégico, tático e operacional. Magalhães apresenta uma leitura consistente sobre estas ações mencionando que:
As Ações Operacionais (curto prazo), as Ações Táticas (médio prazo) e as Ações Estratégicas (longo prazo) orientadas, seqüenciadas, articuladas e formalizadas, compõem o conjunto de medidas que estruturam o planejamento organizacional. Com base nesse planejamento é que o Gestor deve avaliar, promover e orientar suas decisões de curto, médio e longo prazo. (MAGALHÃES, 2008, p.5).


Desta forma, Magalhães destaca que:
O analista criminal, nas suas atividades de produção de conhecimento, deve buscar padrões e tendências criminais que, depois de identificados, constarão em seus relatórios de análise. Esses documentos, por sua vez, devem periodicamente ser difundidos para seus respectivos clientes. (MAGALHÃES, 2008, p.6).


Contudo, o que se entende por padrões criminais? Bem, os padrões criminais são as características identificáveis que se repetem em dois, ou mais, eventos criminais, em uma determinada série histórica, e que vincule, em tese, diversos eventos criminais entre si. Sabe-se que:
Ao tratarmos do estudo dos padrões devemos ter em conta que o analista criminal não deve utilizar puramente o raciocínio jurídico para definição da sua tipologia criminal. Para o Analista criminal o foco do comportamento humano é mais importante do que o enquadramento jurídico do fato. (MAGALHÃES, 2008, p.7)

Segundo Boba (2005), ocorreu nos Estados Unidos durante a década de 90, conforme pesquisas nacionais nos estados americanos, um número representativo de agências de polícias que investiram em tecnologia para análise criminal e mapeamento do crime.
Dantas e Souza (2008, p. 9) solidificam este pensamento e citam como exemplo o sistema norte-americano de análise criminal:
A moderna prática da Análise Criminal está hoje fundamentada no uso intensivo da Tecnologia da Informação (TI), nela incluídos os chamados aplicativos de estatística computadorizada e de sistemas de informação geográfica, tendo como objeto de análise coleções de dados organizados em bases nacionais agregadas. Através da análise das bases nacionais de dados agregados é possível estabelecer relações entre várias categorias de dados e informações criminais, determinando padrões e tendências humanamente impossíveis de serem detectados manualmente. No caso norte americano, o FBI detém hoje as duas mais importantes bases nacionais de dados agregados para as atividades de análise criminal realizadas naquele país: Centro Nacional de Informação Criminal (NCIC) e Sistema de Relatórios Padronizados de Criminalidade (UCR).

Diante destas colocações se verifica a necessidade de aliar as tecnologias, por meio das técnicas disponíveis, sobretudo de engenharia do conhecimento, para realizar a extração de conhecimento das informações depositadas nos bancos de dados das instituições de segurança pública. Este é uma boa forma de auxiliar no processamento dos dados e disponibilizar de forma mais útil as informações aos analistas criminais.