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segunda-feira, 8 de março de 2010

Organizações Criminosas


Um novo fenômeno está se constituindo cada vez mais no mundo globalizado, no qual s organizações criminosas utilizam as mais variadas formas para estabelecer redes, não só na esfera regional, como no passado, mas em níveis nacionais e até internacionais buscando globalizar suas ações. 
As associações, de todos os tipos, que os grupos criminosos estão tecendo para unificar suas atividade e diversificar suas atuações na esfera global podem ser encaradas como estratégias ousadas visando sua integração na esfera internacional.
O principal norteador das organizações criminosas é o tráfico de drogas, que tem significativa importância na contabilidade destas organizações.  Entretanto, outras atividades ganham destaque na cesta de produtos das redes criminais, tais como o tráfico de armas, o tráfico de material nuclear, o contrabando de imigrantes ilegais, o tráfico de mulheres e crianças, o tráfico de órgãos e assaltos ousadamente planejados, entre outras atividades ilícitas que se conectam de certa maneira. Mas no cerne deste sistema criminal está a lavagem de dinheiro com a movimentação de grandes cifras, onde o dinheiro “sujo” retorna para economia de forma limpa. Assim, o dinheiro da economia do crime se torna dinheiro da economia formal por meio de profissionais sem escrúpulos .
Os mercados financeiros se encarregam de lavar boa parte dos lucros das atividades criminosas, graças a esquemas bem formulados por redes internacionais.  Pela grande facilidade de assumir risco que tem o capital criminoso, isso se torna um problema para o sistema econômico global pela volatilidade desse capital. As autoridades internacionais estão focando seus esforços através de tratados assinados internacionalmente entre os países.
Muitos países não são fáceis de serem compreendidos culturalmente se não for levado em consideração nas suas economias e políticas, as redes criminosas que  estavam presentes no dia a dia dos países, pode-se destacar como: Itália, Rússia, Colômbia, México, Bolívia, Peru, Venezuela, Turquia, Afeganistão, Burma, Tailândia, Japão, Taiwan, Hong Kong, Austrália e Luxemburgo. Há ainda outros pequenos países que são afetados de forma endógena e/ou exógena pela criminalidade (CASTELLS, 1999).
A maior gama de informação sobre o assunto está ligada às reportagens jornalísticas, mas muitas vezes são desconsideradas pelos cientistas que veem como material sensacionalista, não sendo muito confiável. A respeito disso, concorda-se com Castells quando diz:

[...] se um fenômeno é reconhecido como uma dimensão fundamental não só em nossas sociedades, mas, sobretudo, no novo sistema globalizado, devemos utilizar todos os dados disponíveis para explorar a relação entre essas atividades criminosas e as sociedades e economias de modo geral. (CASTELLS, 1998)

Assim, acreditamos que para estudar o fenômeno da criminalidade devemos abarcar os conhecimentos das mais diversas áreas, com o intuito de municiar a sociedade no combate.  Isso se torna cada vez mais difícil, tendo em vista que as ações criminosas se globalizam e adquirem novas formas de atuação na era da informação.
Com os avanços espantosos das tecnologias nas áreas mais significativas da esfera global, os grupos de criminosos utilizam as novas formas de comunicação e transporte. Saindo assim na frente dos governos, utilizando técnicas avançadas de gerenciamento, controle de produção e distribuição. Este é o caso dos cartéis de drogas no mundo.
Isso não está ligado apenas às novas tecnologias, mas a mecanismos utilizados por empresas na economia legal, como as alianças estratégicas, franquias territoriais, joint-ventures e cooperações entre grupos criminosos.
Todos esses fatores estratégicos mencionados foram estudados, aperfeiçoados e desenvolvidos por cientistas, não para a finalidade do crime, mas é adotado pelos criminosos muitas vezes de forma pragmática.
Essas relações criminosas estão tão desenvolvidas que o volume dos lucros obtido é lavado aos mercados financeiros internacionais através de grupos especializados. Lucro este que está longe de ser insignificante, movimentando anualmente no mundo cifras na ordem de 1 trilhão, segundo estimativas de 1993 (CASTELLS, 1998, p. 206). Porém esse dinheiro entra no circuito financeiro e é investido na economia em atividade legais, tendo seu rastro apagado e impossibilitando a mensuração do impacto da economia do crime na economia legal.
A engenhosidade dos grupos criminosos não se deu em virtude das facilidades oriundas das novas tecnologias ou da aplicação de estudos científicos de forma pragmática nas ações criminosas. Estas vêm crescendo enraizadas nas culturas nacionais, nas regiões e nas etnias dos povos dos mais variados países. Elas se instalam na incapacidade dos governos em corrigir as desigualdades, banir a corrupção, legislar de forma a dar benefícios aos menos favorecidos e aplicar as leis sem distinção.
Enquanto os governos se mostram incapazes, o crime organizado faz jus ao nome que usa e se organiza criando diretriz de procedimento, estatuto de filiação, delimita área de atuação e cria esferas de hierarquia. Um exemplo desta natureza foi o caso onde “utilizando a infra-estrutura da máfia siciliana, os cartéis colombianos passaram a distribuir sua cocaína na Europa, pagando comissão aos sicilianos” (STERLING apud CASTELLS, 1998).
Valendo-se dessa posição histórica, e de métodos de persuasão fortes, muitos grupos criminosos ganham autonomia deixando os governos reféns de suas ações a ponto de retirar de seu caminho os responsáveis pelo cumprimento das leis.  Os grupos criminosos impõem, por exemplo, seus poderes de agir por meio da violência excessiva e assassinatos dos que interferem nos seus negócios.  Este é o caso da máfia siciliana nos anos 90, quando ocorreram os assassinatos dos juízes Falcone e Borsalino em represália ao governo italiano pelo endurecimento das ações contra a máfia siciliana.
Nos anos 90, ocorreu também o renascimento da máfia norte-americana, utilizando membros das máfias sicilianas, criando alianças com as tríades chinesas, entre outras, como a máfia russa composta de ex-funcionários da KGB, principalmente depois da passagem do estatismo soviético para a economia de mercado.
No Japão, a Yakuza, máfia japonesa, destaca-se no controle de muitos negócios e com forte influência política na sociedade japonesa, onde o Estado ciente de sua existência se viu incapaz de desarticular essa rede criminosa, deixando ela praticamente estabelecida no país, a ponto de a Yakuza ver a necessidade de expandir seus domínios criminosos internacionalmente (CASTELLS, 1999).
Na América Latina não foi diferente: poderosas organizações criminosas lograram êxito em suas empreitadas, no princípio com o tráfico de drogas e depois diversificando suas ações. Na Colômbia, os cartéis de Cali e Medellím; no México, Tijuana e Tamaulipas, são os exemplos mais famosos, mas não os únicos da América Latina.
As redes do tráfico de drogas se estabeleceram semelhantemente em vários lugares, organizando a produção, o gerenciamento, as distribuições das drogas, interligando as plantações aos laboratórios e aos armazéns e diversificando o sistema de transporte para o mercado internacional, onde a demanda era maior.  Os traficantes focaram sua atuação primeiramente na cocaína, depois maconha, heroína e outras drogas químicas.  O objetivo foi o mercado internacional, visando auferir lucros maiores.  Para isto, foram utilizadas todas as formas de se fazer a droga chegar ao local de destino, corrompendo a polícia, o judiciário e os políticos, formando uma grande rede de corrupção e de influências na América Latina e também no mundo.

Este texto é parte do esboço do artigo: Panorama Mundial, Latino Americano e Brasileiro da Criminalidade

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