Como se pode perceber nos fragmentos anteriormente postados
(Organizações Criminosas, O crime na América Latina e O crime no Brasil), as
organizações criminosas muito se assemelham, sejam nas formas de atuação junto
aos governos, sejam nas formas de condução dos negócios criminosos ou nas
formas de traçar alianças estratégicas, entre outras. Como o caso da Máfia
Siciliana na Itália, a Yakuza no Japão, o Cartel de Cali na Colômbia e o PCC no
Brasil, onde já ocorreram formas de atuação muito parecidas, por meio do
enfrentamento do Estado.
O assistencialismo promovido pelo PCC no Brasil às pessoas
de baixa renda que necessitam de condições básicas (transporte, saúde,
“segurança” e alimentação) providenciado pelo grupo criminoso em algumas
comunidades tem o intuito de angariar adeptos a sua causa. Tal como já fizera o
Cartel de Cali na Colômbia e outras organizações criminosas no mundo.
Assim, o crime organizado se descaracteriza de “lobo e
coloca pele de cordeiro” agindo onde o estado deixa espaço e buscando novas
formas de atuação. No estilo Robin Hood, tirando dos ricos para dar aos pobres.
Podemos perceber que estão tentando uma espécie de
legitimização de suas ações entre as camadas mais pobres da sociedade.
Inclusive com palavras de justiça, liberdade e paz como forma de sensibilizar e
chamar a atenção para tirar o foco do fato de que é uma organização criminosa
que ganha dinheiro à custa da sociedade trabalhadora. Claro que com uma nova
forma de atuação, se utilizado dos benefícios da era tecnológica e de uma
organização comparável à empresarial.
Eles têm a voracidade do mundo dos negócios em seu íntimo,
pois no mundo dos negócios é assim: “olho por olho, dente por dente”. Afinal,
no submundo do crime não é diferente.
Além disso, a criminalidade brasileira é um retrato da
criminalidade latino-americana e mundial, com grupos criminosos atuando no
tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, assaltos, seqüestro e aterrorizando a
população.
O fornecimento está orientado pela demanda que cresce
assustadoramente, principalmente entre os jovens, desde as classes mais baixas
até as mais altas.
A brutalidade e selvageria do crime organizado, que age
atacando e assassinando policiais, agentes penitenciários, juízes, promotores e
políticos, figuras que simbolizam as instituições governamentais e a força do
estado. Isto faz com que se estabeleça um ambiente de insegurança e incerteza
por parte da população e do próprio estado que se vê incapaz de lidar com essa
nova forma de atuação criminosa.
Como foi dito, o crime organizado adquire novas formas de alcançar
seus objetivos, acompanhando as evoluções da era da informação e se valendo do
conhecimento e experiências, incorporando novas formas de atuação, digna de
grupos revolucionários ou grandes corporações multinacionais.
Desta forma, como combater o crime organizado se, em plena
era da informação, as regiões estão desconectados? Ou seja, as bases de dados
dos criminosos somente são consultadas nas suas regiões e estados de
origem. Isto quando as vaidades entre as
instituições não dificultam o acesso às informações dos criminosos. O crime
está em rede, mas os estados e países não. E este é apenas um dos muitos
problemas a serem enfrentados. Senão
vejamos. Para analisar um fenômeno é
necessário mensurar de forma correta seus impactos, colhendo o maior número de
informação possível sobre o assunto em questão, porém as coletas dos dados
pelas instituições são na sua maioria imprecisas. Isto por que não há uma
metodologia padrão, a ser aplicada por todos os estados.
Para corrigir esse problema a Secretaria Nacional de
Segurança Pública precisa padronizar as informações, criando uma base nacional
de dados estatísticos sobre os crimes dos estados. Isto já começou com dados
estaduais enviados a partir do ano 2000, mas sem grande sucesso no começo,
devido à baixa qualidade dos dados.
Contudo, o envio sistemático dos dados está criando uma base sólida para
ser analisada por vários estudiosos. Ter dados e informações confiáveis para
serem trabalhados corretamente é o principal fator para que se desenvolver análises
criminais confiáveis.
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